
MANAUS | O médico Leonardo Costa Gobira, especialista em Ginecologia e Obstetrícia e atual corregedor de sindicâncias do Conselho Regional de Medicina do Amazonas (CRM-AM), responde a três processos criminais por violência doméstica, registrados em diferentes períodos, todos envolvendo mulheres vítimas de agressões.
Os casos levantam questionamentos sobre os critérios para ocupação de cargos estratégicos dentro do órgão, já que o corregedor é justamente responsável por analisar e julgar processos ético-disciplinares contra outros médicos no estado.
Histórico das denúncias
2007 – A primeira denúncia foi feita pela vítima identificada pelas iniciais V.P., resultando no processo nº****** que tramita na Justiça Estadual.
2013 – Um novo episódio foi registrado, desta vez pela vítima I.F.D.S., que relatou agressões físicas e psicológicas. O caso originou o processo
2025 – O caso mais recente envolve a vítima A.D.C.F., que além da denúncia criminal, obteve na Justiça uma medida protetiva contra o médico. O processo segue em tramitação.
Relatos de violência
De acordo com documentos e relatos colhidos pelas autoridades, as agressões teriam ocorrido em situações associadas ao consumo de bebidas alcoólicas e drogas. As vítimas descrevem episódios de violência física e psicológica, com registros de reincidência ao longo dos anos.
Incoerência e questionamentos
Apesar do histórico, Gobira permanece no cargo de corregedor de sindicâncias do CRM-AM. Para advogados e especialistas em direito penal, a situação expõe uma contradição: o profissional investigado por crimes de violência doméstica é o mesmo que atua avaliando a conduta ética de colegas de profissão.
A posição de destaque dentro do Conselho, somada às acusações criminais, gerou indignação entre vítimas e também entre entidades ligadas ao combate à violência contra a mulher. Para elas, a permanência de Gobira no cargo sem qualquer impedimento revela falta de mecanismos de controle e transparência dentro da autarquia.
Contraste público e privado
Nas redes sociais, o médico se apresenta como especialista dedicado ao cuidado da saúde da mulher, o que amplia o contraste entre sua imagem pública e as acusações formais registradas em seu nome.
Até a publicação desta reportagem, o Conselho Regional de Medicina do Amazonas (CRM-AM) não havia se pronunciado sobre a permanência de Leonardo Costa Gobira no cargo, mesmo diante dos processos judiciais.