
Manaus (AM), 29 de julho de 2025
O Ministério Público do Amazonas (MP-AM) deflagrou, na manhã desta terça-feira (29), a Operação Militia, que resultou na prisão de nove pessoas, entre elas oito policiais militares — quatro da Força Tática — e um perito da Polícia Civil. Eles são investigados por participação em uma suposta milícia envolvida em crimes como sequestro, extorsão e roubo em diferentes bairros da capital amazonense.

Coordenada pela Promotoria Especializada no Controle Externo da Atividade Policial (Proceap), a ação cumpriu mandados de prisão e busca e apreensão na sede da Força Tática, localizada no bairro Praça 14 de Janeiro, zona sul de Manaus. Segundo o promotor Armando Gurgel, os alvos da operação vinham sendo monitorados desde fevereiro deste ano, após a divulgação de um vídeo que mostrava uma abordagem violenta registrada por câmeras de segurança.
De acordo com as investigações, o grupo agia de maneira organizada e usava recursos institucionais para cometer os crimes, como armas longas, coletes, veículos descaracterizados com placas frias e roupas táticas, muitas vezes escondendo o rosto com balaclavas para dificultar a identificação. Um dos casos apurados mostra uma vítima sendo sequestrada à luz do dia por policiais que quebraram o vidro de seu carro e a levaram para um local desconhecido, onde foi coagida a realizar transferências bancárias de grandes valores.
“O grupo tinha como padrão cercar o veículo da vítima usando pelo menos dois carros. Em uma das ações, eles usaram um Corolla e uma S10 branca. Após a abordagem, a vítima desapareceu por várias horas até ser encontrada por uma equipe da Ronda Ostensiva Cândido Mariano (Rocam), na zona norte da cidade”, explicou o promotor.
A apuração também revelou que os suspeitos escolhiam cuidadosamente os alvos, preferencialmente pessoas com algum tipo de envolvimento em investigações criminais ou parentes de investigados. Em outro caso, um casal foi extorquido em mais de R$ 300 mil. O MP estima que o grupo tenha arrecadado ao menos R$ 500 mil em dinheiro, bens e veículos.

Algumas vítimas relataram que foram levadas a cativeiros, inclusive a uma residência pertencente a um dos policiais investigados. Em uma das tentativas frustradas de sequestro, os suspeitos atiraram diversas vezes contra o carro da vítima, e um dos disparos quase a atingiu na cabeça.
Segundo o MP, apenas um dos mandados de prisão — o do perito da Polícia Civil — é temporário. Os demais oito são de caráter preventivo. Apesar da gravidade das acusações, os nomes dos envolvidos ainda não foram divulgados oficialmente.
Em nota, o comandante da Polícia Militar do Amazonas, coronel Klinger Araújo, afirmou que a corporação está colaborando com as investigações e reforçou que os atos criminosos não representam a conduta dos mais de 2.500 policiais militares em atividade no estado. “A PM não compactua com desvios de conduta e apoia a responsabilização dos envolvidos”, declarou.
O Ministério Público informou que a operação continua em andamento e novas vítimas podem surgir à medida que os relatos forem sendo acolhidos. A coletiva de imprensa para detalhar a ação foi convocada pela Promotoria responsável e está prevista para ocorrer ainda nesta terça-feira.
Foto: Divulgação