Justiça revoga prisão de mãe de bebê estuprada e morta em Jutaí; outros quatro réus também são soltos

Após oito meses detida, Vitória Assis Nogueira, mãe da menina Lailla Vitória — vítima de estupro e assassinato aos 1 ano e 7 meses no município de Jutaí (AM) — teve a prisão preventiva revogada pela Justiça do Amazonas. A decisão foi proferida nesta segunda-feira (7) e também beneficiou outros quatro réus investigados pela morte de Gregório Patrício da Silva, apontado como autor do crime contra a criança.

Gregório foi linchado por moradores após ser retirado à força da delegacia local. Ele morreu após ser espancado em via pública e ter o corpo incendiado, em um dos casos de justiça com as próprias mãos que mais repercutiu no país nos últimos anos.

Vitória e outros envolvidos respondiam por participação no homicídio de Gregório. Segundo a defesa, composta pelos advogados Vilson Benayon e Mayara Bicharra, a cliente vivenciou uma “dupla punição”: perdeu a filha de forma brutal e passou meses encarcerada sob suspeita, enquanto o processo ainda está em andamento.

Excesso de prazo e novas medidas

Durante a audiência, que se estendeu por mais de 11 horas, foram ouvidas mais de dez testemunhas, entre elas policiais civis, militares e agentes da guarda municipal. Com base nos depoimentos e no andamento processual, a defesa argumentou que a prisão havia ultrapassado o prazo legal previsto. O Ministério Público concordou com o pedido.

O juiz responsável reconheceu o excesso de prazo e determinou a soltura dos réus, substituindo a prisão por medidas cautelares previstas no artigo 319 do Código de Processo Penal, como proibição de se ausentarem da comarca e comparecimento regular à Justiça.

Caso segue em investigação

Apesar da liberação, o processo judicial continua em curso. Uma nova audiência será marcada para dar sequência às apurações e responsabilizações.

Entenda o caso

A tragédia teve início em setembro de 2024, quando a mãe da criança procurou a polícia para informar o desaparecimento da filha. Investigações posteriores revelaram que Gregório Patrício, conhecido da família, havia estuprado a criança e, em seguida, jogado o corpo no rio próximo ao porto de Jutaí. A confirmação veio após a análise de câmeras de segurança e confissão do suspeito à polícia.

Preso na 56ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP), Gregório foi arrancado da cela por populares revoltados. O linchamento ocorreu em praça pública e terminou com o acusado sendo queimado vivo. Além da mãe da vítima, Abraão Ferreira, 32; David Freitas, 23; e Mateus Lopes, 25, também foram presos sob acusação de envolvimento na ação violenta.

O assassinato da menina Lailla e os desdobramentos do caso continuam a comover a opinião pública. O episódio segue em investigação, com o Judiciário tentando equilibrar o rigor da lei e a busca por justiça diante de uma tragédia que marcou o país.

Foto: Reprodução

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