Suicídio de soldado da PM expõe crise nas condições de trabalho da corporação

MANAUS | O suicídio do soldado da Polícia Militar R.A., ocorrido nesta terça-feira, (22), dentro das dependências do Comando de Policiamento da Área Leste (CPA-Leste), acendeu um alerta sobre as condições de trabalho enfrentadas por policiais militares no Amazonas. A fatalidade aconteceu ao lado da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS)

R.A. integrava a turma de soldados formada entre 2023 e 2024. A comoção entre colegas de farda deu origem a um movimento de denúncia anônima, onde foram relatadas diversas irregularidades e situações de desgaste físico e emocional extremo, principalmente entre os policiais recém-incorporados à corporação.

Principal denúncia apresentada;

Imposição de escala de serviço 5×2, considerada inadequada para atividades operacionais.

Escalas incompatíveis com a realidade operacional

Segundo os denunciantes, a escala de 5 dias de trabalho por 2 de descanso (5×2) é mais apropriada para funções administrativas, mas vem sendo aplicada em atividades de policiamento ostensivo, o que sobrecarrega os agentes. A categoria reivindica a adoção de uma escala 2×2 (dois dias de serviço por dois de folga), modelo mais comum entre forças policiais no país, e que, segundo especialistas em segurança pública, favorece o equilíbrio entre as demandas da atividade policial e a preservação da saúde física e mental dos agentes.

Além disso, há queixas quanto ao tempo máximo de policiamento a pé, que ultrapassa seis horas contínuas sob sol, chuva e sem garantias mínimas de descanso adequado.

Pedido por transferências e mobilidade funcional

Outra demanda recorrente entre os militares é a possibilidade de transferência para o interior do estado, especialmente para aqueles que possuem vínculo familiar fora da capital. Segundo os relatos, há uma diretriz informal que limita ou impede esses deslocamentos, o que, para muitos, contribui para o agravamento de quadros de estresse e depressão.

Saúde mental em xeque

A morte do soldado R.A. trouxe à tona discussões sobre a assistência psicológica oferecida à tropa. O desgaste emocional, aliado à pressão operacional e à ausência de políticas eficazes de acolhimento, é apontado como fator determinante para casos extremos como o ocorrido. Colegas do militar afirmam que a tragédia poderia ter sido evitada, caso houvesse um suporte institucional mais efetivo.

Repercussão

Até o momento, a Polícia Militar do Amazonas não se pronunciou oficialmente sobre o caso ou sobre as denúncias apresentadas. No entanto, o episódio gerou forte comoção e tem sido tratado como um marco para a reabertura do debate sobre as condições de trabalho, a valorização da tropa e a saúde mental dos policiais.

“Não queremos mais promessas, queremos ações concretas”, disseram colegas do soldado. “Nosso irmão se foi, mas precisamos impedir que novas vidas se percam da mesma forma. Estamos clamando por dignidade e respeito.”

POR EG NOTÍCIAS

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